Atualizado em 21/03/2025.
A produtividade do trigo no Brasil enfrenta desafios constantes, especialmente devido às doenças fúngicas que comprometem o potencial da lavoura e a qualidade do grão colhido. Entre os principais obstáculos fitossanitários da cultura, a giberela e a mancha-amarela se destacam, causando perdas significativas quando as condições climáticas favorecem sua incidência.
A safra 2023/24 ilustrou bem esse cenário: chuvas excessivas entre setembro e outubro no Sul do país impactaram o desenvolvimento do trigo na fase crítica de frutificação, resultando em grãos desvalorizados na classificação comercial, o que prejudicou a rentabilidade dos produtores.
Com o início da safra 2025, as projeções indicam uma possível recuperação na produtividade, mas as incertezas climáticas e de mercado ainda geram preocupações.
Neste artigo, abordamos como a giberela e a mancha-amarela impactam a lavoura e quais estratégias podem ser adotadas para um controle mais eficiente.
Continue a leitura para entender como extrair o máximo do seu manejo e proteger a sua lavoura de trigo das doenças!
Impacto da giberela e da mancha-amarela no trigo
A mancha-amarela, causada pelo fungo Drechslera tritici-repentis, reduz significativamente a área foliar da planta, fazendo com que as folhas diminuam sua capacidade fotossintética, com impactos subsequentes na produtividade. Já a giberela, causada pelo fungo Gibberella zeae, é uma doença ainda mais preocupante, pois impacta o período reprodutivo do trigo, afetando diretamente a formação dos grãos e elevando os níveis de micotoxinas, o que pode inviabilizar a comercialização da produção.
As condições climáticas desempenham um papel fundamental na incidência dessas doenças. A giberela, por exemplo, se prolifera em ambientes de alta umidade, com chuvas frequentes e temperaturas entre 20 e 25 °C por pelo menos 48 horas consecutivas. Já a mancha-amarela ocorre com molhamento foliar prolongado de mais de 30 horas e temperaturas variando entre 18 e 28 °C.
Estudos apontam que, em safras cujas doenças aparecem com severidade, as perdas podem ultrapassar 50% da produtividade esperada. Além disso, a presença de micotoxinas geradas pela giberela pode levar à rejeição dos grãos nos mercados nacional e internacional.
Desafios e impactos econômicos dessas doenças nas últimas safras de trigo
A safra 2023/24 foi desafiadora para os produtores brasileiros de grãos devido às condições climáticas adversas.
Segundo a ESALQ/USP, as fortes chuvas entre setembro e outubro prejudicaram tanto o plantio quanto a colheita do trigo, afetando a qualidade dos grãos e reduzindo o valor comercial da produção.
Já a previsão para a safra 2025, segundo a Conab, aponta para uma recuperação da produtividade. Entretanto, a área plantada ainda está sujeita a incertezas climáticas e mercadológicas.
Sintomas e sobrevivência do fungo causador da giberela (Gibberella zea)
Os sintomas podem ser observados tanto nos grãos quanto nas espiguetas. As espiguetas, quando infectadas, adquirem coloração palha, com as aristas arrepiadas, o que difere a doença da brusone (que é frequentemente confundida com a giberela).

A diferenciação das doenças consiste no fato que, para a brusone, os sintomas são observados a partir do ponto de infecção, de modo que toda a espiga adquire coloração palha. Já para a giberela (à direita), os sintomas observados são em pontos diferentes da espigueta, podendo ela ter variações de coloração verde (normal) e palha (onde a infecção do patógeno está ocorrendo).

Quando a colonização do fungo ocorre precocemente, pode não haver formação de grãos. Em infecções mais lentas, os grãos podem adquirir aspecto enrugado, chocho, áspero e de coloração rosada.


Grãos de trigo, de coloração verde e aspecto chocho, enrugados e esbranquiçados à esquerda, e grãos chochos, enrugados, esbranquiçados e de coloração rosada à direita, em decorrência da infecção pelo fungo causador da giberela. Fonte: Lima, 2017.
Os sinais da doença também podem ocorrer em condições favoráveis, como alta temperatura e umidade, fazendo com que as espiguetas adquiram coloração rosada (em decorrência da presença das estruturas do fungo).
O agente causal da giberela pode sobreviver no sistema de cultivo por meio de três formas:
- Em sementes de trigo, aveia, azevém, centeio, cevada, triticale, feijão, sorgo e soja, o que reforça a necessidade de atenção, especialmente em anos favoráveis.
- Em restos culturais de diversos hospedeiros, como milho, aveia, azevém, centeio, cevada, soja, trigo e triticale.
- Em estruturas de repouso ou dormência: em períodos de escassez de nutrientes, o fungo é capaz de sobreviver em forma de clamidósporos, uma estrutura de sobrevivência.
A fase crítica para a ocorrência da doença começa no período de extrusão das anteras e vai até os estágios de desenvolvimento da massa de grãos.
Desafios no controle da giberela no trigo
O controle da giberela é complexo por alguns motivos principais:
- o fungo possui a habilidade de sobreviver de diferentes formas e em restos culturais de inúmeras culturas;
- grande parte das cultivares apresenta sensibilidade à giberela;
- doença altamente influenciada pelo clima – condições climáticas favoráveis durante o período de antese determinam a intensidade da doença;
- dificuldade dos fungicidas atingirem o sítio de infecção (anteras presas);
Embora medidas complementares possam ser utilizadas no controle de muitas doenças da cultura, para a giberela isso não ocorre. Vejamos a seguir o porquê:
- Escalonamento da semeadura: essa medida tem como objetivo o não florescimento das plantas no mesmo momento, sendo considerada, portanto, uma medida de escape para a infecção.
- Rotação de culturas: para usar essa medida como controle, seria necessário a ausência de hospedeiros suscetíveis, portanto, no caso da giberela, a rotação de culturas não é uma medida eficiente.
- Controle cultural: a incorporação dos restos culturais no solo pode auxiliar na redução da intensidade da doença, no entanto, essa medida caiu em desuso devido ao cultivo via SPD (Sistema Plantio Direto).
- Tratamento de sementes: mesmo o fungo estando presente em sementes, essa medida não evita que a doença ocorra, isso porque, como vimos, a infecção ocorre no início do período reprodutivo da cultura.
Logo, o controle químico é considerado a principal forma de controle, desde que a aplicação seja realizada no momento correto.
Problemática da giberela vai além dos danos em campo e da qualidade do trigo colhido
Um agravante da ocorrência da giberela é a produção de substâncias tóxicas à saúde humana e animal. O fungo produz metabólitos tóxicos secundários, utilizados como mecanismos de defesa contra outros microrganismos. Essas substâncias são termoestáveis (resistentes à temperatura no processo de industrialização) e bioacumuláveis (se acumulam no organismo, levando a problemas sérios de saúde).
Essa condição pode ser um futuro entrave à comercialização e à exportação de trigo, visto que o mercado internacional, consumidor do trigo brasileiro, tem restringido cada vez mais os limites máximos dessas substâncias em grãos de trigo. Tendo em vista que, nos próximos 10 anos, o Brasil deve ser um dos principais produtores do cereal de inverno, os produtores devem estar atentos à problemática dessa doença e ao manejo estratégico.
Um artigo recente, publicado na Central de Conteúdos Mais Agro, abordou o tema de forma aprofundada e você pode conferir as informações completas no link.
Na tabela a seguir, é possível observar as micotoxinas mais produzidas pelo fungo causador da giberela (que é conhecido em sua fase assexuada como Fusarium graminearum, agente causal da podridão das raízes, no início do desenvolvimento da cultura).

Sintomas e sobrevivência do fungo causador da mancha-amarela (Drechslera tritici-repentis)
Os sintomas da mancha-amarela podem ser observados nas folhas e consistem em lesões inicialmente elípticas, de coloração amarelada ou aspecto bronzeado. Com o avanço da infecção, as manchas tornam-se ovais ou em forma de um diamante, adquirindo coloração marrom que varia do marrom-claro ao escuro.

O patógeno sobrevive na palhada, em restos culturais de gramíneas hospedeiras, como centeio, trigo e triticale. Ocorre, geralmente, nos estádios iniciais de desenvolvimento do trigo, considerada a fase mais suscetível à doença. Geralmente, as folhas mais velhas apresentam maior intensidade dos sintomas e nelas pode ser observado um halo amarelado em torno das lesões (sintoma característico da mancha-amarela no trigo).
Desafios no controle da mancha-amarela
A mancha-amarela é considerada uma das principais doenças da cultura e têm apresentado dificuldade de controle nas últimas safras. Isso ocorreu por alguns motivos. Os principais incluem:
- sistema de plantio que favorece a sobrevivência do fungo em restos culturais entre uma safra e outra;
- poucas cultivares com bons níveis de resistência ou tolerância à doença;
- condições favoráveis à doença na época de maior suscetibilidade da cultura, com períodos de chuvas e elevação da temperatura durante o cultivo de inverno;
- agressividade do fungo;
- resistência e baixa performance da maioria dos produtos registrados para o controle.
Nesse contexto, é crucial intensificar os esforços e a atenção no manejo das doenças que afetam a cultura do trigo. É importante ressaltar que a giberela e a mancha-amarela, por exemplo, mesmo com a aplicação de um manejo integrado (altamente recomendado em qualquer contexto e cultura), são consideradas doenças de controle desafiador.
Como evitar a giberela e a mancha-amarela, em condições favoráveis às doenças?
Com base nas informações disponibilizadas até aqui neste artigo, já é possível compreender que não é possível evitar a ocorrência de doenças no trigo, mas sim, é possível reduzir os danos causados por esses patógenos, protegendo a produtividade e a qualidade do produto colhido.
E como fazer isso com eficiência, em cenários desafiadores para o controle de doenças da cultura, com base em relatos cada vez mais frequentes de resistência dos patógenos às moléculas disponíveis?
O manejo é a chave para essa questão, principalmente relacionado ao timing (período correto) de aplicação de fungicidas. Cabe lembrar que, para a giberela, por exemplo, o manejo com fungicidas é a principal forma de controle, tendo em vista que o patógeno infecta a cultura no florescimento.
Existe algum fungicida no mercado com excelente performance, tanto para giberela quanto para mancha-amarela?
A resposta é sim, mas exige esforços, tecnologia em fungicidas e conhecimento técnico, especialmente pelo período em que a aplicação de fungicidas deve ser realizada, levando em consideração a fase de desenvolvimento mais suscetível da cultura a cada uma das doenças.
Além de utilizar os fungicidas no momento correto, é indispensável que a solução escolhida possua um controle excepcional para ambas doenças, tendo em vista que já existem registros de resistência e perda de eficiência das moléculas disponíveis no mercado.
Pensando nisso, após anos de investimentos em pesquisa, desenvolvemos o que há de mais inovador para o manejo das doenças mais desafiadoras do trigo.
Miravis®, uma nova geração de fungicidas: poderoso contra as doenças do trigo
Para um controle mais eficiente da giberela e da mancha-amarela, a Syngenta desenvolveu MIRAVIS®, um fungicida de última geração formulado com ADEPIDYN® technology. Essa molécula inovadora pertence ao grupo químico das N-methoxy-pirazol-carboxamidas e se destaca pelos seguintes benefícios:
- Controle superior da mancha-amarela – Protege as folhas por mais tempo, garantindo a manutenção da área foliar ativa e protegendo a produtividade.
- Eficiência comprovada contra a giberela – Redução significativa da presença de micotoxinas, melhorando a qualidade dos grãos e facilitando sua comercialização.
- Longo efeito residual – Maior proteção para a lavoura, entregando um controle prolongado.
- Alta seletividade para o trigo – além de proteger a cultura das doenças, não causa fitotoxicidade.
Resultados de campo: mais produtividade e qualidade
Ensaios de campo demonstraram que MIRAVIS® proporciona ganhos expressivos em produtividade e qualidade do trigo. A redução da incidência de doenças, aliada à preservação da sanidade dos grãos, permite que o produtor obtenha melhores preços de comercialização e um retorno financeiro mais atrativo.
Além disso, o uso estratégico de MIRAVIS® dentro de um programa de manejo integrado contribui para a sustentabilidade da lavoura, evitando o desenvolvimento de resistência dos fungos e garantindo eficiência a longo prazo.
Ensaio realizado em 9 áreas.

A giberela e a mancha-amarela continuam sendo desafios recorrentes para os produtores de trigo, impactando a produtividade e a comercialização dos grãos. No entanto, com um manejo integrado eficiente e o uso de fungicidas inovadores, é possível minimizar os prejuízos e maximizar a rentabilidade da lavoura.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.
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